e eu que ainda espero a hora
na qual eu consiga iniciar
a falar da pessoa certa
no verso certo
e eu que ainda consigo espiar
com os olhos espichados
enfiados em mim mesmo
como Mário de Sá Carneiro a chorar
ainda consigo ver no outro
a espera da hora
a fala da pessoa
o longo dos olhos
o em si mesmo ensimesmar-se
e eu que ainda espero
esse poema iniciar
pelas suas palavras
pelo seu longo olhar
por você e não por mim
eu espero
eu espero para ver
esse poema
iniciar.
(S.Alves)